A tempestade
estava a ponto de cair sobre Annie
Hess...
De fato já
tinha começado com a chegada de sua filha secreta, a que anos atrás tinha
deixado aos cuidados de seu irmão e que agora necessitava de respostas. Mas as
coisas não tinham feito mais que piorar com a aparição do Logan Drake. O homem
que a tinha rechaçado em outro tempo agora pretendia levar a moça. Nenhum dos
dois esperava que aquele reencontro despertaria seus sentimentos do passado. O
que ainda não sabiam era se as duras decisões que tinham tomado anos atrás
poderiam agora levá-los até encontrar a felicidade.
Prólogo
BASTA. Ela se sentiu aliviada ao
reconhecer a rouca voz que tinha surto da escuridão. Aproveitou a momentânea
surpresa de Drago para liberar-se e afastar-se da esquina do abrigo onde a
tinha esquecido.
Entretanto, Drago reagiu em seguida,
agarrou-a por cabelo e atirou para ele. Ela gritou de dor e se torceu um
tornozelo ao retroceder.
—Hei dito que basta —repetiu a voz.
encontrava-se apanhada entre duas sensações: a dor que lhe causava Drago ao lhe
atirar do cabelo e o alívio ao comprovar que sua estupidez não ia supor, como
tinha pensado, seu fim. De seu salvador só podia ver a ponta de um sapato. Mas
não necessitava nada mais para recuperar a valentia. —me solte, Drago. Hei-te
dito que me deixe em paz.
O homem riu brandamente.
—Mas se tínhamos um trato, pequena. Ou é
que já não o recorda?
—Tínhamo-lo, mas o tenho quebrado.
Assim...
Drago voltou a atirá-la do cabelo, essa
vez com mais força, e ela tropeçou e perdeu o equilíbrio. Tentou pôr as mãos
para frear a queda, mas não o conseguiu e o golpe foi tão duro que os olhos lhe
encheram de lágrimas. Quando reagiu, observou que Drago também estava no chão,
tentando levantar-se.
O homem que tinha golpeado a seu agressor
era muito alto, mais inclusive que seu irmão, Will, que ultrapassava o metro
oitenta. A tênue luz do abajur lhe permitiu observar a cor de seu cabelo, negro
como o ébano, e o tom moreno de sua pele. Entretanto, não era um moreno de
homem com dinheiro e tempo livre, como o que cultivava seu pai para contrastar
com os objetos brancos de jogar tênis, mas sim de um homem que podia tombar a
um valentão de um murro sem fazer uma só ruga no smoking que levava.
—Não te mova.
A pesar do som das risadas e da música
que chegava do mole, onde seguia a festa das bodas, sua voz se podia ouvir com
toda claridade.
Observou a Drago com medo, mas ele se
manteve no chão e se limitou a olhá-la a sua vez com gesto de recriminação,
como se todo aquilo fora culpa dela. Annie Hess pensou que talvez tivesse
razão; ultimamente as coisas não lhe tinham saído muito bem e se por acaso fora
pouco nesse momento teria que as ver-se com o homem que !a tinha salvado e ao
que já tinha reconhecido: Logan Drake, o amigo de seu irmão maior.
— Encontra-te bem?
Annie pensou que aquela situação
resultava muito irônica. Levava dois dias tentando chamar sua atenção, mas não
tinha imaginado que o conseguiria de um modo tão estranho.
—Encontra-te bem? —repetiu.
Ela assentiu.
—Vá chamar à polícia. Ah, e lhe diga a
seu pai ou a seu irmão que venha.
—Não.
— Como? —perguntou, surpreso.