Quando Sophie caiu aos pés do capitão Robert Austin a bordo do navio que os levaria para
trabalhar em um hospital militar, na Alemanha, logo percebeu que
precisaria de muito mais do que um simples tornozelo torcido para
despertar a atenção dele. Para Robert, todas as mulheres eram iguais à
ex-noiva: não prestavam. Ver Sophie, tão independente, sempre cercada de
admiradores, só fez com que ele se desencantasse mais. Sophie, porém, resolveu lutar pelo amor de Robert. Mas, surgindo
do passado, seu ex-noivo, um homem vulgar e sem escrúpulos, colocou-se em seu
caminho, ameaçando sua felicidade…
CAPÍTULO I
Quando o navio começou a se afastar do porto, rumo ao canal,
Sophie Allendale deixou o convés e dirigiu-se para o salão.
Um homem jovem, parado na entrada, afastou-se para lhe dar
passagem. Distraída, não viu o degrau e tropeçou, torcendo o tornozelo. Teria
caído se ele não a segurasse com firmeza.
— Obrigada, o senhor me salvou de um belo tombo.
— Talvez, de agora em diante, você preste mais atenção por
onde anda.
A voz dele, grave e arrogante, irritou Sophie mais do que as
palavras. Seus olhos castanhos brilharam de raiva.
— Sinto muito ter aborrecido o senhor e estou grata pela sua
ajuda. De qualquer maneira, estou perfeitamente bem agora.
Querendo seguir seu caminho com orgulho e dignidade, apoiou todo o
peso do corpo sobre o pé machucado e sentiu uma pontada aguda de dor.
— Oh! — gemeu, sem querer, sentindo-se corar.
— Espere — ele a segurou pelo braço. — Deixe-me ajudá-la a ir até
uma cadeira e então darei uma olhada nesse tornozelo.
Agora havia um tom mais suave em sua voz que a irritou
ainda mais.
— Não é preciso, obrigada. Eu posso tomar conta de mim mesma.
— Talvez, mas eu insisto. Sou médico.
— E eu sou uma enfermeira formada.
— Mais uma razão para você mostrar um pouco de bom senso. Se trata
seus pacientes com essa mesma irresponsabilidade, não será de muita ajuda no
Hospital Militar, para onde, acredito, está se dirigindo.
Aquele comentário fez Sophie ficar realmente furiosa. Uma das
coisas de que mais se orgulhava era de sua eficiência. Tinha sido, inclusive,
escolhida como a melhor enfermeira do ano no Hospital St. Andrew. Estava
prestes a dar uma resposta malcriada, mas um pensamento mais sensato cruzou sua
mente: ele poderia trabalhar no Hospital Militar, em Radlau, e nesse caso seria
estúpido discutir agora. Afinal, muita coisa dependia do relacionamento pessoal
entre os membros de um hospital e do trabalho de equipe. Engolindo o orgulho,
deixou que ele a levasse até uma cadeira.
As mãos do médico apalpavam com cuidado, e ao mesmo tempo com
firmeza, o tornozelo torcido, que já mostrava sinais de inchação.
— Não acredito que haja nenhum dano irreparável. É apenas um mau
jeito. Você está numa cabine? — perguntou, olhando atentamente para ela.
Sua expressão abrandou-se um pouco, quando percebeu a delicadeza
do rosto dela e a sombra de dor nos olhos castanhos. Havia uma força inesperada
naquele pequeno rosto oval e na curva dos lábios bem delineados, que o fizeram
mudar momentaneamente de opinião sobre as mulheres. Mas logo expulsou este
pensamento. As mulheres eram todas iguais. Estavam sempre prontas para laçar o
primeiro homem que mostrasse qualquer sinal de amizade. Admitia que esta jovem
era muito atraente, com cabelo castanho e grandes olhos que o fitavam de
frente, mas não seria novamente enganado por um rosto bonito. De repente,
percebeu que ela estava falando.
— Desculpe, o que foi que disse?
Apesar das palavras educadas, sua voz soou rude.
— Eu disse apenas que tenho uma cabine.
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