domingo, 21 de junho de 2015

Dois Corações Solitários - Barbara Newman


Quando Sophie caiu aos pés do capitão Robert Austin a bordo do navio que os levaria para trabalhar em um hospital militar, na Alemanha, logo percebeu que precisaria de muito mais do que um simples tornozelo torcido para despertar a atenção dele. Para Robert, todas as mulheres eram iguais à ex-noiva: não prestavam. Ver Sophie, tão independente, sempre cercada de admiradores, só fez com que ele se desencantasse mais. Sophie, porém, resolveu lutar pelo amor de Robert. Mas, surgindo do passado, seu ex-noivo, um homem vulgar e sem escrúpulos, colocou-se em seu caminho, ameaçando sua felicidade…


CAPÍTULO I
  

Quando o navio começou a se afastar do porto, rumo ao canal, Sophie Allendale deixou o convés e dirigiu-se para o salão.
Um homem jovem, parado na entrada, afastou-se para lhe dar passagem. Distraída, não viu o degrau e tropeçou, torcendo o tornozelo. Teria caído se ele não a segurasse com firmeza.
— Obrigada, o senhor me salvou de um belo tombo.
— Talvez, de agora em diante, você preste mais atenção por onde anda.
A voz dele, grave e arrogante, irritou Sophie mais do que as palavras. Seus olhos castanhos brilharam de raiva.
— Sinto muito ter aborrecido o senhor e estou grata pela sua ajuda. De qualquer maneira, estou perfeitamente bem agora.
Querendo seguir seu caminho com orgulho e dignidade, apoiou todo o peso do corpo sobre o pé machucado e sentiu uma pontada aguda de dor.
— Oh! — gemeu, sem querer, sentindo-se corar.
— Espere — ele a segurou pelo braço. — Deixe-me ajudá-la a ir até uma cadeira e então darei uma olhada nesse tornozelo.
Agora havia um tom mais suave em sua voz que a irritou ainda mais.
— Não é preciso, obrigada. Eu posso tomar conta de mim mesma.
— Talvez, mas eu insisto. Sou médico.
— E eu sou uma enfermeira formada.
— Mais uma razão para você mostrar um pouco de bom senso. Se trata seus pacientes com essa mesma irresponsabilidade, não será de muita ajuda no Hospital Militar, para onde, acredito, está se dirigindo.
Aquele comentário fez Sophie ficar realmente furiosa. Uma das coisas de que mais se orgulhava era de sua eficiência. Tinha sido, inclusive, escolhida como a melhor enfermeira do ano no Hospital St. Andrew. Estava prestes a dar uma resposta malcriada, mas um pensamento mais sensato cruzou sua mente: ele poderia trabalhar no Hospital Militar, em Radlau, e nesse caso seria estúpido discutir agora. Afinal, muita coisa dependia do relacionamento pessoal entre os membros de um hospital e do trabalho de equipe. Engolindo o orgulho, deixou que ele a levasse até uma cadeira.
As mãos do médico apalpavam com cuidado, e ao mesmo tempo com firmeza, o tornozelo torcido, que já mostrava sinais de inchação.
— Não acredito que haja nenhum dano irreparável. É apenas um mau jeito. Você está numa cabine? — perguntou, olhando atentamente para ela.
Sua expressão abrandou-se um pouco, quando percebeu a delicadeza do rosto dela e a sombra de dor nos olhos castanhos. Havia uma força inesperada naquele pequeno rosto oval e na curva dos lábios bem delineados, que o fizeram mudar momentaneamente de opinião sobre as mulheres. Mas logo expulsou este pensamento. As mulheres eram todas iguais. Estavam sempre prontas para laçar o primeiro homem que mostrasse qualquer sinal de amizade. Admitia que esta jovem era muito atraente, com cabelo castanho e grandes olhos que o fitavam de frente, mas não seria novamente enganado por um rosto bonito. De repente, percebeu que ela estava falando.
— Desculpe, o que foi que disse?
Apesar das palavras educadas, sua voz soou rude.
— Eu disse apenas que tenho uma cabine.

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